Já ouviu a frase: a ordem dos fatores não altera o produto? Se tratando de treinamento de força, não é bem assim. Quando o aluno chega para o profissional de educação física, são colhidas uma série de informações (anamnese) e essas informações são muito importantes e contribuem para a montagem do programa de treinamento.
Muitas são as variáveis que podem influenciar no sucesso e aproximação dos objetivos almejados. A ordem e seleção dos exercícios é uma delas. Iniciar por um músculo ou grupo muscular conceituado como grande ou pequeno, bem como, se o exercício é monoarticular (que solicita uma articulação) ou multiarticular (que solicita várias articulações), tem influência nos exercícios seguintes e, consequentemente, nos resultados.
A escolha específica dos exercícios em cada sessão afeta significativamente o rendimento. Quando escolhemos um determinado exercício para ser executado como primeiro, esse terá melhor desempenho. Já se o mesmo exercício for colocado no final do treino, ele sendo feito por último, haverá redução no número de repetições.
Imagine que sua prioridade seja tríceps. Ele sendo o primeiro, vai encontrar um organismo descansado e com os estoques de glicogênio muscular mais preservados que se fosse realizado por último. Os músculos seguintes, como foi falado, terão certa desvantagem em desempenho. Por exemplo: se o próximo for peitoral, esse não terá o mesmo rendimento, não porque a musculatura do peitoral está cansada, mas porque o tríceps, que foi o músculo trabalhado antes, está fadigado e, na execução de peito que chamamos de agonista (músculo principal que ativa o movimento específico) o tríceps entra como sinergista (auxiliam o movimento principal ou estabilizam as articulações). E por que isso acontece? A ativação muscular reduzida (mensurada por eletromiografia – EMG, que é o estudo ou método para o registro gráfico ou sonoro das correntes elétricas geradas em um músculo ativo) e a fadiga metabólica (redução do glicogênio muscular, que é o elemento que permite o bom funcionamento do corpo humano e/ou das concentrações de fosfocreatina, sendo um importante depósito de energia no músculo esquelético) podem explicar a queda de rendimento.
Mas o que explica aquele aluno que treina na ordem que está na prescrição e diz não notar diferença? Provavelmente ele treina submáximo. Por exemplo, o aluno deveria treinar com 70% da carga e treina com 40 ou 50%, a literatura mostra que quando treinamos muito abaixo do que podemos, o estímulo é débil. Ele produz algum efeito, porém muito aquém do que poderia ser colocado a carga correta.


Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física pela UFAL (CREF:001274-G/AL)
Esp. Fis. do Exercício, Aval. Física e Grupos Especiais
Esp. em Atividades Aquáticas.