O Ozempic, nome de mercado dado à semaglutida, é um medicamento da classe de inibidores de SGLT-2. E isso é tão bonito de dizer. Parece tão imponente! Mas vamos à realidade? No geral, o que vale saber? O Ozempic tem duas funções principais: promover sensação de saciedade e desacelerar o esvaziamento gástrico. Em palavras mais simples, a pessoa sente que está mais cheia com menos comida. E até que ponto isso é bom? Vamos lá.
Atendi um paciente que havia iniciado Ozempic há dois dias. Seu recordatório alimentar anterior me mostrava um excesso de cerca de 150 a 200 calorias por dia, ou seja, nada exagerado demais. Sedentário, consumo inadequado de água e cerca de 6 horas de sono ao dia, com má qualidade. Sem doenças associadas e obesidade grau 1. E o que isso quer dizer? QUE ELE NÃO TEM INDICAÇÃO NENHUMA PARA USAR OZEMPIC! Esse excesso calórico pequeno é regulado com muita facilidade!
Não há problema nenhum em aumentar o Hall de medicamentos, mas sim em diminuir o uso de critérios para seu uso. Com isso, começamos a ver consequências de seu uso exagerado e desnecessário, que podem ser mostrados das maneiras mais bizarras: rosto de Ozempic, bumbum de Ozempic, ideação suicida… e mais alguma coisa que ainda deve aparecer.
Quem se prejudica? Paciente, pra variar. No ímpeto pela melhora, pela evolução, aceita o que lhe é prescrito. E, ao mesmo tempo, é educado, mais uma vez, na cultura do mais rápido, mais fácil, e acaba adorando mais um caminho que não passa longe das melhores evidências. Ozempic possui evidência de eficácia no controle da obesidade? Sim, a casos restritos. Mas ainda passa longe de alimentação e exercício físico. No geral, fica a dica aos pacientes: olhe pra sua rotina e tome conta dela! Não é na canetada que tudo vai se resolver!
Médico – UFAL
Bacharel em Esporte – USP
Mestre em Educação Física – USP
Doutor em Ciências – USP
Especialista em exercício físico para grupos especiais
